Este livro é ambientado no estado de Minas Gerais. Estamos outra vez diante do Realismo Fantástico que se embute em quase todos os romances de Henriques. Uma pitada de Existencialismo e essa deformação perene de tudo que se pode pensar como existência humana. Isso nos leva a crer que o Expressionismo que se acalanta desta obra suprema atinge seu cume diante de todas as narrativas propostas. Damião Calisto é o anti-herói personificado pelo nada. Nele as coisas rompem com degredo e com arrastada dificuldade. Por vezes nem chega a ser anti-herói porque não se presta a tais papéis. É o primeiro romance que Humberto Henriques textualiza dentro de sua possível terra natal, Brejo Bonito, embora a trama seja completamente fictícia. Aqui nada destoa dessa ambientação maiúscula. O romance trata da vida de Damião Calisto, um cidadão comum em vida de terras do interior. Não há maquiagem alguma sobre os acontecimentos e as criaturas que percorrem a trama. Henriques vai às entranhas dessa terra mágica que se chama Minas Gerais e demonstra a faceta originalíssima de Damião Calisto. O semblante da personagem é aquele mesmo dos homens comuns à terra de origem, o Brejo Bonito, município de Cruzeiro da Fortaleza. A introspecção é o lugar-comum a esse livro, embora muitas vezes seja o humor que prevalece no original do texto. Introspectivo, o livro demonstra a sua origem, alavanca a trama original, baseada nos amores, da forma como sempre foram eles sujeitos ao estado passional da alma humana.
