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Giorgio Agamben

Pilatos e Jesus

A profissão de fé cristã contém um único nome próprio (ao lado daqueles de Jesus e da virgem Maria) que é totalmente estranho ao seu contexto teológico: o do pagão Pôncio Pilatos. Figura inusitada na liturgia cristã, e segundo Nietzsche «a única dos Evangelhos que merece respeito», Pilatos é o autor de frases memoráveis, como «O que é a verdade?», “O que escrevi, escrevi” e o fastídico “Ecce homo, eis o homem!”, pouco antes de entregar Jesus ao suplício.

Neste breve e contundente ensaio Agamben mostra como, no encontro fugaz entre Pilatos e Jesus estava em jogo um evento enorme e inédito, para além do drama da paixão e da redenção. Neste encontro irreconciliável entre o “mundo dos fatos” e o “mundo da verdade”, provoca Agamben, como nunca em outro lugar na história do mundo, a eternidade cruzou a história em um ponto exemplar. O temporal foi atravessado pelo eterno.

Desdobrando esta recíproca perfuração entre os dois mundos — história e eternidade, sagrado e profano, juízo e salvação — situada no âmago da religião cristã que a modernidade secularizou, Agamben nos remete aos mais candentes impasses da contemporaneidade. A pergunta chave que Pilatos e Jesus desvenda é: por que o cruzamento entre o humano e o divino, o histórico e o a-histórico, tem a forma de um processo? E que processo é esse? O que é, afinal, um processo sem juízo? E o que é uma pena (neste caso, a crucificação) que não deriva de um juízo formal?
72 печатни страници
Притежател на авторското право
Bookwire
Оригинална публикация
2015
Година на публикуване
2015
Издател
Boitempo Editorial
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